Reflexão
Um dos companheiros estava especialmente angustiado. Acreditava que tivera um mau dia ou uma péssima temporada. Tudo estava afundando. Com isso se tornou notório para todo o grupo, afetando inclusive a convivência, o fato foi comentado com o Senhor.
O Mestre sorriu. Estava de muito bom humor naquele dia. Mas não foi por isso que conferiu um tom irônico a seu comentário, já que também havia passado por essa triste experiência e sabia bem o quanto é dolorosa a situação ("homens de pouca fé", "geração maldita", "até quando"? tinham sido expressões por ele usadas em circunstâncias semelhantes). E assim começou:
- O que vocês fazem quando um dia, ao levantar, percebem que está chovendo? Resolvem deixar de fazer tudo quanto estava planejado? Têm certeza de que cumprirão tudo o que estava previsto?
Seria ridículo se alguém se pusesse a soprar para que as gotas da chuva retornassem as nuvens. Chorar seria inútil, pois as lágrimas iriam simplesmente aumentar o caudal que obstrui os esgotos.
Vocês, que têm senso prático, quando chove tiram a poeira do guarda-chuva que estava a um canto qualquer do guarda-roupa, e de cara alegre enfrentam o tempo, tentando cumprir da melhor forma, os compromissos previstos. Nem sempre se poderá executar tudo, mas o importante é conseguir aquilo que for possível.
As tempestades do espírito são as crises. Seu guarda-chuva: a paciência, a distração, a fidelidade, mas, acima de tudo, a modéstia.
A pessoa deve estar ciente de que não irá conseguir fazer tudo, mas nem por isso deverá afundar-se espiritualmente nem cair na histeria.
Deve aceitar o temporal com simplicidade e, enquanto isso fazer o que seja humanamente possível. Tempestade alguma jamais durou uma vida inteira. Além disso, depois do temporal o sol volta a brilhar e logo após, com toda certeza, brotam as flores.
