A Mosca (19/06/23)

Reflexão Della Morena

  • Publicado: Marketing Diário 89,9 | Paulo Mendonça - 19/06/2023

Era uma vez um homem rico que emprestava dinheiro a todos os camponeses pobres da região, mas lhes cobrava juros exorbitantes.
Como um desses camponeses lhe devia uma soma considerável, o ricaço tratou de verificar se ele possuía algo de valor que pudesse confiscar. Quando chegou à cabana do devedor, encontrou seu filho brincando no quintal.
“Seus pais estão?”, perguntou.
“Não, senhor’’, o menino respondeu.
“Papai saiu para cortar árvores vivas e plantar árvores mortas”.
E mamãe foi ao mercado vender o vento e comprar a Lua”.
Sem entender patavina, o credor usou de agrados e ameaças para fazer o garoto esclarecer tal enigma, porém nada conseguiu. Então, resolveu mudar de tática:
“Se me explicar essa história, prometo esquecer o que seu pai me deve. Tomo o céu e a terra por testemunhas”.
“O céu e a terra não falam”, o menino retrucou.
“Nossa testemunha tem que ser uma criatura viva.’’
Nesse instante, uma mosca pousou no batente da porta. O homem rico apontou para ela, declarando: “Aí está nossa testemunha”.
Então o garoto explicou: “Meu pai foi cortar bambus para fazer uma cerca e minha mãe foi vender leques para comprar óleo para o lampião”.
O ricaço partiu, satisfeito, mas dias depois voltou para cobrar a dívida, fazendo ouvidos moucos quando o filho do camponês lhe lembrou sua recente promessa.
O impasse se estabeleceu, o caso foi parar no tribunal.
Na presença do juiz, o homem rico afirmou que nunca tinha visto aquele menino e, portanto, não podia ter lhe prometido coisa nenhuma.
O menino, por sua vez, contou uma versão muito diferente da história. “É a palavra de um contra a palavra do outro”, suspirou o juiz, atarantado
“Não posso decidir nada sem testemunha”. “Mas nós temos uma testemunha”, disse o filho do camponês.
“Uma mosca ouviu toda a conversa!”.
“Uma mosca !”, o magistrado exclamou. “Está brincando comigo, seu moleque?”. “Não, senhor. Uma mosca enorme e gorda ouviu tudo, porque estava pousada bem no nariz dele!”
“Mentiroso!”, o homem rico berrou.
“Ela pousou no batente da porta!”
“Não interessa onde ela pousou”, o juiz decidiu.
“Você fez a promessa, e portanto o pai deste garoto nada lhe deve. Caso encerrado!”


Image