Reflexão Della Morena (20/11/2020)

REFLEXÃO

  • Publicado: Núcleo Digital - 23/11/2020

Um jovem chamado Manuel era um sujeito esforçado e trabalhava em uma grande empresa. Um dia, foi a um restaurante, pediu um sanduíche de frango e um refrigerante. Quando, de repente, aproximou-se dele um menino de rua.

“Moço, moço! Tem algum trocadinho pra mim?”

Percebendo que aquela criança, na verdade, estava era com fome, resolveu pagar um lanche também para ele e aquele gesto acabou se transformando em uma rotina.

Carlinhos era o nome daquele garoto e estava todos os dias no mesmo horário e no mesmo lugar, e Manuel passou, então, a convidá-lo para almoçar junto a ele todos os dias e, de vez em quando, comprava também para ele alguns livros, cadernos, enfim, materiais para que pudesse estudar e, entre os dois, uma linda amizade foi nascendo.

O Manuel tinha um carinho especial pelo Carlinhos, tanto que, todos os dias, fazia questão de almoçar junto. As pessoas em volta sabiam o quanto o Manuel gostava daquele garoto e chegavam até se comover com aquela relação.

Diante daquilo tudo, o garotinho pensava: “Puxa vida, que coração imenso esse homem tem, né? Para ser tão bom assim com uma criança que ele mal conhece”.

Essa bondade do seu amigo o motivava a caminhar em frente e via o Manuel como um exemplo a ser seguido, só que, um tempo depois, o Manuel teve que mudar de cidade por conta de uma promoção que havia recebido, poxa, é claro que ele ficou feliz com essa notícia, mas, ao mesmo tempo, triste, pois teria que agora, afastar-se do seu pequeno amigo.

No último dia na cidade, Manuel e Carlinhos almoçaram juntos, conversaram bastante e no final se abraçaram e se despediram, como se fosse dois irmãos.

Manuel lhe disse: “Carlinhos, Carlinhos, estuda bastante, hein! Assim você poderá ter uma profissão e mais oportunidades na vida”.

O garoto o olhou com um sorriso maroto, disse que iria estudar sim e prometeu que um dia ele teria condições de retribuir ao seu amigo, todo o bem que ele havia feito por ele.

Passaram-se, então, 20 anos...

Encontramos o Manuel em uma fase agora ruim na sua carreira, fez também maus negócios na vida, acabou perdendo o seu emprego e, para piorar, recebeu um comunicado do banco, dizendo que, por falta de pagamento do financiamento, a sua casa iria pra leilão. Desesperado com aquela possibilidade, foi correndo para o banco, só que ninguém ali conseguiu ajudá-lo. Àquela altura mais nada poderia ser feito, a não ser pagar todas as prestações que estavam atrasadas. Sentindo-se, então, sem chão, começou a chorar ali mesmo, no meio de todo mundo, nesse momento uma mulher se aproxima dizendo que o gerente da agência gostaria de conversar com ele.

Manuel enxugou as lagrimas e foi até a sala do tal gerente, sem saber o que aquele homem queria com ele, entrou ali. Lá dentro, havia um senhor sentado atrás de uma mesa.

“Sente-se”, disse o gerente.
Manuel se sentou em silêncio.
''Oi, Manuel'', disse o homem. “Você não se lembra de mim, né?”.
Manuel forçou a vista e a sua memoria. “Desculpe-me. Na verdade, eu não me lembro”.

“É porque que já faz um tempo. Há coisa de uns 20 anos, um homem muito bondoso teve piedade de mim e passou a cuidar de mim como se eu fosse o seu filho, ele foi amável comigo, atencioso e eu prometi que estudaria muito para um dia ser alguém como ele, esse homem mudou a minha vida e esse homem, era você, Manuel”.

Manuel ficou impactado com aquilo.

“Sabe, Manuel, durante todos esses anos, eu alimentei dentro de mim o desejo de um dia te rever e poder agradecer o fato de alguém ter sido tão bondoso, com uma pessoa que ele mal conhecia e, hoje, é um dia muito feliz pra mim, não apenas porque estou te revendo, mas porque Deus me presenteou com uma maneira de te retribuir. Eu sei do problema da sua casa, você sabe?”

“Então, se vocês tiverem um pouquinho mais de paciência, eu juro que coloco as parcelas em dia.”

“Não, não precisa, eu já mandei minha secretaria quitar o seu financiamento, você não deve mais nada ao banco, fique tranquilo, ninguém mais tira essa casa de você, Manuel”.

O Manuel não estava entendendo aquilo. “Quitou? Mas eu não tenho como te pagar tudo isso”.

“Não, Manuel, esse não é um empréstimo, é um presente, um presente pelo bem que você me fez há 20 anos. Um dia eu precisei e você me deu bondade, hoje, meu amigo, é apenas essa bondade voltando para você”.

Manuel, com lágrimas nos olhos, o agradeceu por aquele gesto e agradeceu a Deus por tê-lo abençoado com o perfume das flores que há 20 anos ele tinha plantado.


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