Reflexão Della Morena (18/02/2021)

A Joaninha

  • Publicado: Núcleo Digital - 18/02/2021

Dia desses, ao sair para trabalhar, como estava frio, parei em uma pequena rua para colocar um agasalho e qual não foi minha surpresa quando vi, pousada no meu sapato, uma joaninha. Minha filha perguntou: “Será que isso é sinal de sorte?” Sem pensar muito respondi que devia ser mesmo...

No caminho, fui refletindo sobre isso e as lembranças invadiram minha mente, remetendo-me à minha meninice.

Embora morasse numa grande cidade, encontrava com facilidade, nos “matinhos” perto de casa, joaninhas com suas bolinhas coloridas a enfeitar os ramos das Maravilhas, plantas que cresciam à vontade nos terrenos baldios, não se furtavam a nos presentear com suas lindas flores, também nasciam aos borbotões e que não precisavam de nenhum “trato especial”.

Apenas a água da chuva e nossa admiração em ver tanta beleza lhes bastavam. Além das joaninhas, cigarrinhas e borboletas multicoloridas que sobrevoavam os arbustos, sem falar naqueles pontinhos luminosos, os vaga-lumes (ou pirilampos, como queiram), que transformavam qualquer árvore comum em árvore de Natal, em qualquer época do ano.

O tempo passou... o asfalto chegou, e eu cresci, sem me dar conta de que eram aquelas pequenas coisas que nos deixavam cheias de alegria, a mim e às outras crianças do bairro.

Hoje, onde estarão as joaninhas? Onde viverão as cigarrinhas e borboletas de todas as cores? Onde estarão os vaga-lumes das noites de verão? Talvez em pequenas cidades, onde o progresso ainda não chegou.

Talvez alegrando outras crianças que hoje ainda não se dão conta, mas que, como eu, vão encontrar uma joaninha por acaso, uma sobrevivente, que as remeterá a um passado distante, cheio de lembranças e que, infelizmente, não volta mais...


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