O colecionador de saudades
Feliz de quem sente saudade
Porque é sinal de que um dia dividiu a felicidade que sentiu
Feliz também de quem deixa saudade
Porque, se daqui não se leva nem a metade,
Só o que foi nosso de verdade
É o que ficou no outro quando a gente partiu
Será que viver é colecionar saudades até deixar?
Só sei que as vezes eu me pego rindo sozinho
Lembrando da família, dos meus primos e do quanto nós já rimos
De quantos natais, de outros carnavais,
E quando fecho os olhos pra rever tudo que eu já senti
Eu sinto saudade dos meus amigos de sempre,
Que eu nunca mais vi
Será que viver é colecionar saudades até deixar?
Eu só sei que não deixo mais o momento passar
Cada chance que tenho de lembrar, eu aproveito
Porque ocultar o sentimento de vazio é fazer a dor ecoar no peito
Dias atrás eu senti falta da minha mãe, liguei pra ela
Que falou que sente saudades do meu pai,
Que eu sei que sentia falta da mãe dele
Eu só a conheci através da saudade que ela deixou
Minha avó estava presente nas histórias que ouvi desde criança
E assim a vida perdura
O tempo que afasta é o mesmo que cura
Trouxe a partida, mas faz da espera, esperança
Quando traz de volta um sorriso em forma de lembrança
Por isso eu parei de brigar com a saudade
Quando bate, eu não revido
Eu a recebo com um abraço e me sinto abraçado
Por tanto sentimento recebido.
E pra não viver de passado
Eu vivo com quem está do lado
O que vou gostar de lembrar
E assim eu sigo colecionando saudades
Até deixar.
Calma! O tempo que afasta é o mesmo que cura!
(Texto: Allan Dias Castro)
