Reflexão Della Morena (14/06/2021)

As mãos da minha avó...

  • Publicado: Núcleo Digital - 14/06/2021

Minha avó tinha mais de 90 anos, estava recostada em um sofá e aparentava um aspecto fraco.

Ela não se mexia. Olhava para cima, para os lados e para as mãos.

Quando me sentei aos seus pés, não se moveu e não teve nenhuma reação.

Eu não queria perturbar seu descanso, mas, ao fim de um certo tempo, perguntei a ela se estava ocorrendo alguma coisa.

Ela levantou a cabeça e sorriu para mim.

- Sim, eu estou bem, não te preocupes.

- Eu não queria te incomodar, mas, tu estavas aí com o olhar fixo nas mãos, e eu queria saber se estava tudo bem.

Alguma vez já viste bem as tuas mãos?

Quero dizer, vê-las como elas são de verdade? Perguntou-me ela...

Então, fixei o olhar em minhas mãos.

Sem compreender o que ela queria me dizer, respondi que não, nunca tinha olhado para as minhas mãos.

Minha avó sorriu e me disse o seguinte:
- Para um bocadinho e pensa b em como as tuas mãos te têm servido desde tua nascença.

As minhas mãos cheias de rugas, secas e fracas, foram as ferramentas que utilizei para abraçar a vida.

Elas me permitiram agarrar a qualquer cosa para evitar de cair, antes de eu aprender a andar.

Elas levaram a comida à minha boca e vestiram-me.

Quando era criança, minha mãe me mostrou como uni-las para rezar.

Elas ataram minhas botas e meus sapatos.

Elas tocaram no meu marido e enxugaram minhas lágrimas quando ele foi para a guerra.

Elas já estiveram sujas, cortadas, enrugadas e inchadas. Elas não tiveram jeito nenhum quando tentei segurar meu primeiro filho. Decoradas com aliança de casamento, elas mostram ao mundo que eu amava alguém único e especial. Elas escreveram cartas ao teu avô e tremeram quando ele foi enterrado. Elas seguraram meus filhos, depois meu netos, consolaram os vizinhos e, também, tremeram de raiva quando havia alguma coisa que eu não compreendia.

Elas cobriram meu rosto, pentearam meus cabelos e lavaram meu corpo.

Elas já estiveram pegajosas, úmidas, secas e com rugas.

Hoje, como nada funciona como dantes para mim, elas continuam a me amparar e, eu, ainda as uno para orar.

Estas mãos contém a história da minha vida. Mas, o mais importante é que serão estas mesmas mãos que um dia Deus segurará para me levar para o paraíso. Com elas, Ele me colocará ao seu lado, e lá poderei utilizá-las para tocar na face de Cristo.

Pensativo, eu olhava para as nossas mãos. Nunca mais as verei da mesma maneira.

Mais tarde Deus estendeu Suas mãos e levou minha avó para junto d’Ele...

Quando vejo minhas mãos, quando elas são sensíveis, quando acarinho minha esposa e meus filhos, penso sempre em minha avó.

Apesar de sua idade avançada, ainda, teve sabedoria suficiente para me fazer compreender o valor das “minhas mãos”.


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